617256127 Verdadeiramente a missão é a Escola do Amor, onde eu fui aluna e os hondurenhos os professores
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Verdadeiramente a missão é a Escola do Amor, onde eu fui aluna e os hondurenhos os professores

Atualizado: 4 de jul. de 2023


Amados padrinhos,

Dezessete meses passaram, retorno ao Brasil e escrevo minha última carta. A primeira pergunta que podem me fazer talvez seja “qual foi teu melhor momento durante a missão?” É uma pergunta difícil, tento pensar sobre ela, mas muitos momentos veem em minha cabeça. Talvez o primeiro ano novo que passei em Honduras, onde fomos convidados pela família da Rosi e passamos uma noite em condições tão simples, mas tão felizes. Ou talvez a viagem que fiz na metade de janeiro com cinco amigos e com minha comunidade, que agora éramos seis, pois no inicio do mês chegou Karina uma polonesa de 29 anos.


Os melhores momentos da minha missão

Mas em verdade, acho que os melhores momentos da minha missão foram os simples e gratuitos. Como as diversas vezes que João veio nos visitar de noite e nos ajudou a cozinhar, a concertar algo ou apenas tomar um matte argentino e conversar. Eu sei que João desfrutava muito de nossa companhia, mas acredito que uma das maiores razões que nos visitava todos os dias é que em nossa casa podia ser quem é, pois deve ser difícil e tentador estar nas ruas depois de ter deixado uma vida de tráfico. Se eu olhasse toda minha missão, só com a amizade com ele já teria valido todo esse tempo, pois me pergunto se não estivesse a nossa casa para abrir suas portas diárias para ele, onde estaria?

Também foram grandes graças os tempos compartidos com Rosi e sua família, ao longo do tempo se foram tornando minha família de coração, sempre me sentia bem acolhida em sua casa e todos os momentos com eles eram de jogos e muitas risadas. Em verdade, passar meu tempo com cada criança foi uma graça, podia ser jogando ou somente quando eles tocavam na porta para pedir água e passavam de 5 ou 10 min conversando. Em Honduras, todavia se vê algo que aqui se perdeu, encontrar crianças brincando na rua, então todas as vezes que caminhávamos para visitar nossos amigos éramos “atacados” por abraços e pedidos para brincar. Uma vez por semana saímos a brincar na rua com os meninos que viviam um pouco mais longe da nossa casa e sempre nos esperavam em torno de 10 crianças.


O caminho de nossos amigos

Recebemos cerca de 80 amigos e de onde eu estava sentada durante a missa podia ver o rosto de todos os amigos, podia recordar o caminho que havia feito com cada um e principalmente recordar a mudança que tiveram durante meu tempo ali, alguns tiveram sua conversão, outros cresceram na fé, muitos tinham deixado de ser tão envergonhados e aprenderam a se socializar mais e todos se tornaram pessoas muito importantes para mim, ali estavam vários amigos fiéis.

Com cada um eu tive a oportunidade de deixar um pouco de mim e trazer muito deles, pois cada um tinha sua história as quais tive a oportunidade de participar, como de Marcela, uma das amigas que eu mais gostava de visitar, ela tem apenas 17 anos e quando eu a conheci estava grávida, assim fomos um apoio para que ela aceitasse bem o bebê que carregava no ventre e ali estava ela em minha missa cuidando tão bem da sua filha, a qual eu tive a oportunidade de carregar nos braços quando tinha apenas três dias.


Joel, meu mestre para amar a cultura do país

Ou toda a história que compartilhei com Joel de 25 anos, que se aproximou de nos para fazer o vídeo para festa de 20 anos. Com ele aprendi a nunca perder a esperança, pois ele conhece bem a realidade do país em que vive, mas sempre mantém o melhor de Honduras, até fez um curso de fotografias para trabalhar com isso profissionalmente e poder mostrar a beleza do país. Ele é completamente apaixonado pelo país e nos transmitiu seu amor, nos levando a visitar lugares, principalmente cachoeiras, ensinando a cozinhar pratos típicos e ensinando gírias hondurenhas. Assim, Joel se tornou um dos nossos amigos mais próximos e apesar de ser ateu, sempre participava das nossas atividades, mesmo sendo retiros ou missas, e acredito que pouco a pouco através de nos ele está conhecendo a Cristo e por sua curiosidade O encontrará, pois percebemos em ele uma grande sede de algo mais e nunca esquecerei sua definição da nossa casa: “é como um buraco negro que sempre nos puxa mais”.


Essa missão é a escola do Amor

Poderia contar muitas coisas que aprendi durante esse tempo, pois vivi em uma realidade completamente diferente e pude tocar na ferida do país, das pessoas. 70% do país estão na pobreza, sendo 40% na extrema pobreza, dependendo da economia dos Estados Unidos, pois a maioria das famílias possui um membro fora do país que os provê. Outro grande problema do país que pude experimentar a dor dos amigos é a falta de água, quando eu cheguei a Honduras a água vinha a cada três dias, mas há cinco meses, devido à falta de chuvas, a água vem uma vez por semana. Em cada casa se encontra muitos potes com reservas de água, durante toda a semana precisam fazer tudo com baldes até terça-feira, o esperado “dia de água”. O dia em que todos aproveitam para limpar bem suas casas, suas roupas. Mas apesar de tudo, não se encontra pessoas reclamando ou se queixando da situação em que vivem, seguem suas vidas felizes com a esperança de uma situação melhor. Saímos de missão com o objetivo de aprender, amar, de servir, mas tudo isso aprendi lá. Verdadeiramente a missão Presença e Amizade é a Escola do Amor, onde eu fui à aluna e os hondurenhos os professores.

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